segunda-feira, 24 de setembro de 2007

5º Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual



O 5º Enuds é um evento de caráter político-acadêmico e objetiva incentivar a produção acadêmica que trata da temática transversal da diversidade sexual; incentivar a criação de grupos de estudo e ativismo que pautem sexualidade e gênero; promover a troca de experiência e o intercâmbio entre outros grupos universitários de diversidade sexual e tornar-se, também, um canal de divulgação de expressões artísticos culturais.

Organizado pela primeira vez em 2003, a quinta edição do encontro questionará a heteronormatividade . "Por que todos os banheiros públicos são divididos em feminino e masculino desde que somos crianças, inclusive na escola?", questiona Marcos Visnadi, estudante de Letras da USP e membro do grupo Prisma da universidade.

"Nos locais públicos, sejam estatais ou não, há uma naturalização do conceito hetero. Queremos questionar estas construções para, dentro deste contexo, pensar perspectivas de subversão da heteronormatividade ", explica Marcos.

Heteronomatividade

O termo heteronormatividade define representações, teorias e práticas sociais que pressupõem a naturalidade da heterosexualidade e de suas manifestações. A divisão do casal em "ativo" e "passivo", a visão da sexualidade como eminente penetração marcada pela idéia de reprodução é heteronormativa, circunscrevendo mesmo em relações entre homens e mulheres, afirma o panfleto de convocação para o 5º Enuds.

Ainda segundo o texto, a subversão da heteronormatividade nos diversos contextos sócio-políticos é uma via para o estabelecimentos de (con)vivências plurais, onde sejam repeitadas expressões de sexualidade humana que não correspondam à matriz heterossexual.

Diversidade na universidade

Para Marcos o debate de diversidade no espaço da universidade tem dois grandes desafios. "O primeiro é como inserir este tema dentro do espaço da universidade. O currículo que temos não leva em consideração este debate, então a universidade forma pessoas que no exercício de sua profissão não levam em conta o entendimento da diversidade sexual. Um médico, por exemplo, muitas vezes sai da universidade sem a compreensão de como tratar uma lésbica quando esta estiver em seu consultório", disse o estudante.

"Outro desafio é superar a confusão que há entre o termo diversidade sexual e GLBTT. Para muitos ativistas, ou não, e organizações, o termo equivocadamente se tornou sinônimo de GLBTT, quando na verdade ele busca abarcar uma outra discussão, que envolve não só a de orientação sexual a partir do discurso identitário, mas também as problemáticas de gênero e de representações sociais de outras manifestações da sexualidade" , agrega Marcos.

"Cabem dentro do tema da diversidade sexual polêmicas como pedofilia, incesto, aborto, entre outros. A realização do encontro é importante também neste sentido, pois agrega ao debate GLBTT outros aspectos, que não excluem o debate GLBTT, mas vão além dele", conclui.

UNE e Enuds

A questão tem sido debatida no movimento estudantil. A UNE está discutindo como se inserir mais cotidianamente no tema. Embora o Enuds seja mobilizado principalmente por estudantes de executivas de curso, que em grande parte não se identificam com a rede da entidade, Marcos acredita que é importante viabilizar o diálogo entre os espaços.

"A UNE tem uma diretoria de GLBTT, que não é o mesmo que diversidade sexual. O Enuds, por outro lado, ainda está num processo de consolidação, este é apenas o 5º encontro. Nesse sentido, acredito que é muito importante buscar o diálogo entre os espaços, sem que a UNE intervenha no Enuds e sem que o Enuds se feche para o diálogo com a UNE", esclarece.

Na USP a expectativa é de que se mobilize uma delegação de 50 pessoas para o encontro. Marcos é um dos estudantes da universidade que apresentará um trabalho acadêmico no Enuds. Para discutir o lugar da perversão sexual na sociedade, o estudante fará uma comparação entre o livro "Os 120 Dias de Sodoma", do Marquês de Sade, com a sua adaptação cinematográfica "Saló ou 120 Dias em Sodoma", do italiano Pier Paolo Pasolinni.

Histórico

A primeira edição do Enuds ocorreu em Belo Horizonte em 2003 intencionando a promover no movimento estudantil o debate sobre gênero e diversidade sexual. As outras três edições aconteceram em Recife (PE), em 2004, Niterói (RJ) em 2005 e em Vitória (ES) em 2006.

O 5º Enuds tem o apoio da secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal, da UFG, que sediará o encontro, e do grupo Colcha de Retalhos.

Para ver a programação e maiores detalhes consulte a página do evento:
www.5enuds.kit. net

Do portal "O Vermelho" - www.vermelho.org.br



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